Calçadistas estendem jornada e aceleram produção para entregar pedidos aos EUA antes do 'tarifaço'

  • 30/07/2025
(Foto: Reprodução)
Fábricas de sapatos de Franca, SP, estão em alerta para taxação americana Dono de uma fábrica de sapatos em Franca (SP), João Xavier correu contra o tempo para garantir que uma carga de 1,7 mil pares deixe nesta quinta-feira (31) o Brasil, pelo Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), para chegar no mesmo dia aos Estados Unidos. Tudo para aproveitar os dias que ainda restam antes que entre em vigor o "tarifaço" decretado por Trump sobre os produtos brasileiros. "Avaliamos a quantidade de pedidos que estavam dentro dessa data próxima e fizemos uma força tarefa para colocar isso em produção e entregar antes que entregasse essa tarifação", afirma. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias de Ribeirão e região em tempo real e de graça O sapato não está na lista de exceções do decreto, assinado nesta quarta-feira (30), que fixou em 50% a taxação sobre os produtos do Brasil que entrarem em território norte-americano a partir de 6 de agosto. Anunciada em julho, por meio de uma carta enviada ao presidente Lula, a taxação, segundo a Casa Branca, foi adotada em resposta a uma série de ações ocorridas no Brasil, entre elas o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Produtos considerados essenciais para os EUA, como suco de laranja e petróleo, seguem com isenção tarifária. Fábrica de calçados em Franca, SP Reprodução/EPTV Correria para evitar taxa e medo do futuro Já considerada a capital do calçado masculino, Franca ainda tem nos EUA seu principal destino exportador, ainda que esse país tenha perdido importância ao longo das últimas décadas. Na empresa de João Xavier, entre 85% e 90% da produção é destinada para o solo norte-americano. Em 2024, por exemplo, foram mais de 110 mil pares vendidos, o que representou US$ 4,5 milhões, quase R$ 25 milhões. Para se antecipar ao 6 de agosto, a empresa mudou algumas rotinas. "Passa desde esforço de todos os funcionários de trabalhar um pouco ate mais tarde, remanejamento de outros pedidos para que pudéssemos produzir esse sapato mais adiantado." LEIA TAMBÉM Produtores de açúcar orgânico em SP temem 'tarifaço' dos EUA: 'negociação é essencial' Se a taxação começar a valer, segundo ele, a fábrica pode sofrer com resultados negativos. "A empresa hoje é um conjunto. Quando ocorre uma situação dessa forma todo mundo fica preocupado, a empresa trabalha com esse lema de todos, coesos, com essa mesma ideia, a preocupação é de todos sim", diz Xavier, que é cauteloso ao mencionar a possibilidade de demissões. A fábrica de Julio Jacometi também adiantou a produção para garantir que mais de 3 mil pares, que seriam enviados apenas no fim de agosto, sejam enviados de navio já nesta quinta-feira. "Tivemos que trabalhar com horários que excedem a nossa média diária, justamente para atender o cliente um pouco mais, essa demanda que ele precisa para evitar que ele pague os 50% de encargos, de tarifas. Tivemos que trabalhar aos sábados, trabalhar uma hora a mais ao dia, pra justamente atender esse cliente", diz. Indústrias de Franca adiantam remessas de calçados para fugir de taxação de Trump Reprodução/EPTV A indústria de Jacometi fabrica modelos exclusivos para o mercado norte-americano, com 60% destinada para os EUA. A chegada da taxação traz perspectivas negativas para ele, que não descarta o risco de demissões em uma escala que pode ser irreversível. "Em outras épocas, devido à pandemia e tudo que aconteceu, muitas pessoas que trabalharam no nosso setor migraram para outros setores. Eu sou convicto de que, se acontecer novamente uma tarifa como essa, pode ser que o setor vá perder grande parte do efetivo, que esse efetivo não volta mais para o setor de fabricação de calçados." Segundo ele, soluções como a diversificação de mercados no exterior não são rápidas e podem não surtir o efeito esperado. "Franca infelizmente depende da exportação. É muito simples alguns políticos falarem 'ah, migra para outro país'. Sapato não é assim. A fabricação, entre protótipos, vai no mínimo oito, nove meses, isso demora muito. Você não migra de um país para outro uma coleção que é destinada para um país. É muito ruim, porque o mercado interno não consegue absorver nossa produção, é impossível absorver nossa produção." O presidente americano Donald Trump Evelyn Hockstein/Reuters Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2025/07/30/calcadistas-estendem-jornada-e-aceleram-producao-para-entregar-pedidos-aos-eua-antes-do-tarifaco.ghtml


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